Nascida em 15 de setembro de 1928, a paraibana/potiguar,Nova Palmeira
(município fundado por seu avô e por seu
padrinho de batismo), chega a Natal no ano de 1942, no período da
Segunda Guerra Mundial, com a idade de 14 anos, trazida pelo pai após ter feito
o primário em Currais Novos. Inicia seus estudos no Colégio Imaculada Conceição,
em 1943, no Curso Básico de Contabilidade, como aluna interna.
Moça tímida, como ressalta Tarcísio Gurgel, ao sair do internato Zila
Mamede percebe-se como adulta e passa a atuar no comércio natalense
datilografando notas fiscais em uma empresa na Ribeira. Em seguida, passa a
colaborar com o Jornal A Tribuna, onde escreve uma coluna com
notícias sociais e culturais. É nesse momento que Zila começa a publicar
algumas poesias de sua autoria na coluna.
Nessa ocasião, acontece um episódio interessante, que é o
desentendimento de Zila com Antonio Pinto de Medeiros, intelectual conhecido à
época. “Ele faz uma crítica em sua coluna no jornal dizendo não ser possível
uma pessoa conseguir publicar toda semana uma poesia e manter sua produção com
qualidade”, revela Gurgel. Esse desentendimento é desfeito tempos depois,
quando, numa festa de São João, eles se encontram e dançam juntos. Zila
aproveita para questionar o porquê de ele ter feito o comentário e Antonio
Pinto de Medeiros responde que enxergava nela um talento tão grande que Zila
precisava parar de publicar ansiosamente e passar a ter um zelo maior na
construção de seu verso. Após esse fato, eles se tornam amigos.
COLHENDO FRUTOS
Com um maior cuidado com sua produção, Zila Mamede amadurece
poeticamente e passa a publicar em vários jornais do país, colhendo frutos de
seu trabalho ao ser reconhecida pelo seu talento. Em 1953, lança seu primeiro
livro – Rosa de Pedra – publicado pela Imprensa Oficial do RN.
Após a publicação da obra, Zila passa a trocar cartas com importantes
escritores brasileiros, entre eles Carlos Drummond de Andrade e Manuel
Bandeira. Em 1958, é a vez de publicar o livro Salinas. O
Arado veio em 1959.
Após O Arado, a escritora deixa um pouco a poesia de lado e
embarca no projeto grandioso de organizar a bibliografia do pesquisador e
historiador potiguar Luís da Câmara Cascudo. Em 1970, a poeta lança o
livro Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual, 1918-1968:
bibliografia anotada.
Esse trabalho afastou-a por algum tempo da poesia e a fez questionar a
qualidade de sua produção. A avaliação levou a poeta para outros caminhos. Ela
passa a fazer experimentos de linguagem. O Exercício da Palavra,
publicado em 1975, mostra um trabalho ousado, misturando longas poesias,
como Flamengol, que possui cento e dezoito versos e remete a
transmissões radiofônicas, ao poema A Ponte, bastante curto.
Segundo Tarcísio Gurgel, a partir de então Zila Mamede se preocupa em
reunir a poesia dela e inicia um projeto publicado em 1978 com nome de Navegos.
Nesse livro, ela reúne as poesias Rosa de Pedra, Salinas, O
Arado, Exercício da Palavra e um inédito, chamado Corpo
a Corpo.
Mais a frente, em dezembro de 1984, a poeta publica um outro livro,
chamado A Herança, no qual escreve sobre seus pais, alguns irmãos e
outras pessoas queridas eleitas por ela, como Drummond. Esse livro é publicado
enquanto ela trabalha no projeto da obra sobre João Cabral de Melo Neto, que só
é publicado após sua morte, denominado Civil Geometria. A
Herança é quase uma despedida da autora, que morreu afogada em 16 de
dezembro de 1985, na praia do Meio, em Natal.
FONTE – SITE UFRN
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